Inúmeras vêzes tenho me defrontado com a superficialidade da música atual,seja ela pop,nacional ou rock.
As fórmulas já são chutes no escuro,sem identidade,postura ou atitude.A época em que vivemos,apesar e passados somente 50 anos do surgimento do rock básico,parecem milênios.
Quando converso com as pessoas ,sejam elas jovens ou(pasmem)
caras cinquentões,a ignorância,o alheamento,a indiferença é o pré-requisito.
O materialismo reina absoluto,impávido colosso ,como um rolo compressor que amassa cérebros,corações e espíritos.Idiotismo convicto ,sem razão de ser,reina como um vazio existencial profundo,abissal e tenebroso.
Como diria um mestre,posso suportar a dor,a miséria, a fome,a pobreza,mas a ignorância não!!A imbecilidade é um crime contra a natureza do ser!
E como não poderia deixar de ser,o tempero que falta hoje ao rock é justamente o que tenho citado sempre em palestras,revistas,shows,etc...
Falta pesquisa, profundidade,estudo musical e cultura geral.Isto sem contar no feeling ,na performance e na estrutura metafísica espiritual das composições.Diremos que temos ótimos momentos no rock atual,com alto nível técnico e de composição,etc....
Mas quando comparamos o potencial em estrutura quantitativa e qualitativa com o período que vai de 1965 até 1978,notamos uma queda brusca nas idéias,nas performances e nas capas dos trabalhos.
Obviamente que o rock atual,mesmo aos que torcem o nariz pra estas questões sem observar mais rigorosamente o que tento expor,é reflexo da decadência social,física,moral e espiritual.
O rock tenta sobreviver esguichando sangue,com uma máscara lúgubre,sinistra,como a maioria das bandas hoje se apresenta.
O colorido hippie deu lugar ao escuro e obscuro lado de onde surgiram o trash,o black metal,o death,o industrial.
A juventude perdeu o referencial,e por força das imposições tenta agora resgatar no rock setentista ,novamente aquela força espiritual solar,colorida e pulsante ,voltando novamente a cabeça e o coração para a velha Índia,as cítaras e tablas.
Um resgate das culturas celtas e medievais também se nota claramente,na tentativa de se criar novos horizontes,novas estruturas.
Nunca tivemos tantos sons épicos com corais avassaladores como hoje no rock(vide Therion,Rapsodhy, After Forever, Era ,etc...)
Os cantos pagãos,as formas gregorianas e templárias ,bem como os profanos entram de sola nos riffs atuais.
A mulher passou a ser o embelezamento da arte frontal das bandas,tanto no corpo quanto na voz.Nunca tivemos uma quantidade de senhoritas nas frentes das bandas quanto hoje.E isto é um sintoma .
Um ótimo sintoma no quesito em que a mulher ganha seu valor merecido diante de uma platéia estupefata e carente de homens que não sabem mais o que fazer, frente a carência de valores existenciais atuais.
De fórma que,se perdemos uma pá de valores que eram os pontos cruciais dos anos 60 e 70,ganhamos outra pá de novos valores atuais,que,de uma fórma ou de outra,se impõem contra um sistema carcomido pela intolerância religiosa e desequilíbrio social.
As bandas estão gritando como podem.As letras não tem mais aquela veia poética de um Dylan ou Lennon.Nem a profundidade de um Yes,King Crimson ou Gênesis.Nem a música tem aquela complexidade viajante e sutil de outrora.
Mas os elementos que estão surgindo,surgem da necessidade atual ,do miasma coletivo,do lúgubre momento por que passa o Planeta Terra.
Este é um momento delicado para a humanidade e para a arte coletiva.Um momento de reflexão de para onde vamos,de onde viemos e como estamos.
Minha sugestão é sempre a de se pesquisar profundamente todos os aspectos,pois há tecnologia suficiente para isto.
Mas o problema surge do acomodamento justamente fatídico frente aos computadores,a facilidade de "não pensar",da quantidade de tecnologia superficial,que se torna uma almofada macia para a bunda de muitos,que com isto criam barrigas flácidas,perdem a vontade da pesquisa,e se rendem ao automatismo atual.
A força está na alma,na simplicidade e no retorno do contato do homem com a sua natureza interior e com a natureza ecológica propriamente dita!
Para finalizar,lembro que nos 70 a maioria das bandas se retirava para longos repousos existenciais e criativos para fazendas,e muitos dos grandes clássicos surgiram justamente deste devaneios poéticos com o Pai Sol e a Irmã Lua.....Uma necessidade vital para o rock de hoje!