Discoteca básica, fundamental
Tendo com engenheiro de som Dieter Dierks, que se tornou um "ícone" na produção de vários dos discos mais importantes da música alemã na década de 70, e um dos grande bateristas do krautrock e jazz alemão, Curt Cress - que tocou com o Passport, Tirumvirat (no Pompeii), Atlantis, entre outros - e que na época da gravação do disco tinha apenas 17 anos, "Orange Peel" é um excelente exemplo da mescla de progressivo, blues, psicodelia, longas jams, que caracterizam uma das vertentes do krautrock.
A música que abre o disco "You Can't Change Them All", com pouco mais de 18 minutos, abre com o Hammond com em escala pesada e, logo em seguida, tem uma passagem belíssima em que a guitarra limpa executa acordes que encaixariam perfeitamente em alguma levada jazz, junto é claro com a bateria. O vocal é cantado em cima dessa base. Na realidade, as primeiras frases são quase declamadas e depois a voz parece mais cantada e ácida. Com a entrada da percussão, a levada da música muda, fica mais vibrante e a guitarra passa a se destacar em solos que marcam o estilo, como no Message ou no Nektar (o segundo, kraut "honorário"), logo depois "rivalizada" pelo Hammond. A vibração dá lugar a uma jam de-uma-nota-só, mais lúgubre, a bateria mais marcada, porém não menos vibrante, o baixo quase em loop, e o hammond iniciando os trabalhos de solo, seguido pela guitarra que passeia entre a psicodelia e o solo energético. Só essa música já vale o disco.
"Faces That I Used To Know" é um pouco mais tradicional, se é que podemos dizer isso do rock alemão, mas com aquele acento mais pesado e desconexo típico do kraut.
O blues "Tobacco Road", já foi executado por centenas de músicos e bandas, conheço várias dessas versões, porém nenhuma delas com uma bateria tão "estranha" com aqui, além das percussões e do clima. Ok, essa música já era um blues de branco, mas o Orange Peel faz parecer que o delta do Mississippi fosse entre Berlin e outra cidadezinha alemã.
A abertura meio hard de "We Still Try To Change" pode até esconder um pouco a magia da música bem como a nova jam escondida lá pelos seus 4 ou 5 minutos. Não se deixe enganar pela simplicidade inicial, e mergulhe na lisergia na qual a música deságua.
Um disco no mínimo essencial para os que gostam do krautrock. Um estilo que vai muito além dos experimentalismos atonais ou da eletrônica sampleada, muito utilizada por várias bandas novas. |
|