Renaissance - Innocence - Progbrasil

Renaissance

Inglaterra




Titulo: Innocence
Ano de Lançamento: 1998
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Marcello Rothery em 08/07/07 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

O primeiro álbum da carreira do Renaissance é um registro histórico de uma formação da banda, que, embora efêmera, foi a mais ousada. O som do Renaissance original misturava erudito, folk, rock, e uma boa dose de experimentação. Tinha uma atmosfera densa, tensa, e ao mesmo tempo cativante e melódica. Sua formação era muito coesa: Keith Relf (vocais, guitarra e gaita) e Jim McCarty (bateria, vocais) eram os mentores e responsáveis por boa parte da concepção sonora, bem como pela maior parte das composições. Jane Relf (vocais) dava o tom mais melódico da banda, com uma bela e delicada voz. John Hawken (piano e cravo) dava o tom erudito com as melodias clássicas que tirava do seu piano, que se tornou o centro do som do grupo. E Louis Cennamo (baixo) levava seu instrumento a novas dimensões, com uma técnica impressionante, assim como um estilo único de tocar, que o fazia usar seu instrumento às vezes para fazer bases melódicas, complementos ao piano de John, e bases mais simples quando a música assim exigia. Louis preenchia todo o som da banda, sem ser exibicionista. Um fabuloso baixista que acrescentava 100% do seu instrumento à música como um todo.

Composto originalmente de 5 canções, este relançamento do disco acrescentou 6 bônus, que enriqueceram o resultado final, dando mais diversidade ainda ao som. Por isso, recomendo fortemente esta versão do álbum à original.

A abertura, com a longa Kings and Queens, se dá com uma introdução de piano, com baixo e guitarra solando ao fundo, num tema tenso. A entrada do vocal, de Keith, mantém o clima, e a letra, de difícil interpretação e um pouco fantasiosa, combina bem com o clima. Há um interlúdio mais calmo, conduzido pelo baixo, e por um delicado vocal de Jane. Entra então mais uma intervenção do piano de John, que reconduz à melodia anterior, novamente com Keith no vocal. O encerramento se dá com mais uma melodia densa no piano, e um coral de Keith, Jane e Jim ao fundo.

Innocence entra com mais uma melodia densa, porém menos tensa, com uma introdução erudita no piano, até a entrada do vocal de Keith, em outro tema introspectivo. Gosto particularmente de um interlúdio que vem a seguir, com Jim e Jane se revezando no vocal. Um pouco depois, mais duas intervenções instrumentais do piano de John, ambas agradavelmente eruditas. Essas longas passagens, que vão quase até o fim da música, dão lugar a mais um trecho cantado, e a música se encerra com a repetição da introdução, e o único fade-out do disco, que encerra a música.

A música a seguir apresenta o lado mais melódico do grupo: Island, uma bela canção, intepretada por Jane (com Keith no vocal de apoio), é um delicioso contraponto às duas tensas músicas anteriores, além de ter uma melodia também mais simples. A letra fala de uma ilha que seria uma espécie de oásis, um lugar mágico, um local sonhado – bem ao estilo dos sonhos psicodélicos daquela época. Há uma segunda parte, levada com muita perícia pelo piano de John e o baixo de Louis, onde é executada uma peça de Beethoven. Há ainda um discreto vocal de Jane e Jim acompanhando um trecho, bonita intervenção.

O lado melódico segue com a igualmente bela Wanderer, cuja melodia (ao contrário das anteriores e da próxima) foi composta e é conduzida por John, ao cravo. O vocal de Jane está especialmente bonito, uma perfeita combinação com o cravo. Essa é, sem dúvida, uma das melhores músicas do álbum.

O álbum original se encerra com a longa e estranha Bullet, que inicia com marcações tensas de piano, e depois, de baixo. Até a entrada da melodia principal, onde Jim e Jane fazem um coral assustador, abrindo o terreno para o vocal principal de Keith, cantando uma letra estranha, que fala aparentemente de um grupo de guerrilheiros se recuperando de uma batalha, e se preparando para a próxima. Após a parte cantada, entra a única intervenção de Keith na gaita do disco. A tensa melodia se encerra com um falso final, seguido de um longo e fantástico solo do baixo de Louis, que mantém a tensão e o ar experimental. O baixo vai solando até o encerramento, que se dá com um coral sombrio, e ruídos incidentais. Um final realmente assustador, que dá a impressão de uma espécie de trem da morte passando.

Agora, os bônus desta edição. The Sea é uma curta e belíssima canção, conduzida no piano de John, e cantada com maestria por Jane. Em cerca de 3 minutos, uma da melhores músicas desta formação da banda. A seguir, uma versão reduzida de Island, sem a segunda parte da música. Estas músicas formaram o compacto que acompanhou o lançamento do disco, na virada para os anos 70.

O cd segue com Prayer For the Light, composta e cantada por Jim, com um belo vocalise de Jane acompanhando em toda a canção. Conduzida por baixo, com pequenas intervenções de teclados e guitarra, é uma delicada melodia, que lembra bastante a de Golden Thread, que acabaria entrando no 2º álbum da banda, Illusions. A música seguinte, Walking Away, também composta e cantada por Jim, mantém o tom. Bonita, mais melódica, é levada no violão, com incursões de flautas doces. Mais uma bela canção.

A seguir, vem uma demo feita apenas por Keith e Jim, antes da formação da banda : Shinning Where the Sun Hás Been. Uma música folk de vozes e violão, da época em que eles tentaram se estabelecer como o duo Together (só lançaram um compacto, e depois partiram para a formação do Reinassance).

O cd se encerra com a linda All the Falling Angels, a última composição de Keith Relf antes de falecer, em 1976. Gravada pouco antes do seu falecimento, a música ainda conta com o baixo de Luis, e outros músicos nos teclados e bateria, além do próprio Keith na voz e na guitarra. Uma bela e emocionante melodia, encerrando este cd com chave de ouro.
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