Eloy - Floating - Progbrasil

Eloy

Alemanha




Titulo: Floating
Ano de Lançamento: 1974
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Demetrio em 14/10/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Antes de mergulhar de vez no som progressivo sinfônico / espacial que caracterizaria muito bem a fase seguinte de sua carreira, o grupo alemão Eloy (nome inspirado no livro "A Máquina do Tempo", de H.G.Wells), capitaneado pelo guitarrista e cantor Frank Bornemann, gravou três discos bastante focados no hard rock: Eloy (1971), Inside (1973) e Floating (1974).

Floating, terceiro trabalho da série, é um exemplo bem característico da sonoridade tipicamente hard progressiva dessa primeira fase do grupo, caracterizada ainda por longas jams instrumentais com nítida proeminência de órgão Hammond e guitarra e algumas influências de bandas como Uriah Heep, Pink Floyd, Nektar e Jane. Na verdade Floating é um disco ainda mais hard que o anterior (Inside), um hardão de primeira realmente (coincidência ou não, na mesma época o Bornemann produziu um disco do grupo Scorpions, "Fly to the Rainbow").

O disco abre logo com um petardo, a faixa título, uma música relativamente curta (4 minutos), mas cheia de energia e variações, com excelentes intervenções de órgão e guitarra. "The Light from Deep Darkness" (faixa 2) começa bem tranqüila, comandada por timbres de órgão, mas evolui logo em seguida para uma sonoridade mais hard a partir da entrada da guitarra do Bornemann, prosseguindo com ótimas variações (lideradas por órgão e guitarra, mas com excelente trabalho de baixo e bateria também) ao longo de seus quase 15 minutos de duração. Algumas sonoridades meio cósmicas aparecem na segunda metade da música, provavelmente já anunciando o rumo que a banda tomaria a partir do trabalho seguinte. "Castle in the Air" (faixa 3) começa com alguns riffs psicodélicos de guitarra à la Nektar, prosseguindo com climas meio orientais (música árabe) construídos à base de ótimos riffs de guitarra do Bornemann (ainda com algumas reminiscências psicodélicas de Nektar) até a segunda metade da música, onde uma guitarra mais ácida dá lugar a excelentes intervenções do baterista Fritz Randow. "Plastic Girl" (faixa 4) é outra música igualmente excelente, com deliciosas passagens instrumentais comandadas por órgão e guitarra, além de alguns efeitos de sintetizador moog (ao que me consta esta foi a primeiravez que o instrumento foi utilizado num disco do Eloy). E finalmente a faixa 5, "Madhouse", outro excelente petardo, inclusive com uma magnífica imagem estéreo, onde em determinado momento alguns riffs de guitarra ficam passeando entre um canal e outro. Ótimo trabalho de bateria e percussão nesta faixa também, fazendo desta uma das minhas prediletas do álbum, apesar de que, a bem da verdade, todas as cinco músicas que constituem a edição original deste disco sãoabsolutamente extraordinárias, sendo realmente difícil dizer quais seriam as melhores dentre músicas tão sensacionais como estas.

Recomendo bastante a aquisição da edição remasterizada, que além de apresentar uma qualidade técnica excepcional ainda contém três faixas bônus muito boas também: "Future City (Live)", "Castle in the Air (Live)" e "Flying High (Live)".

As letras são todas em inglês e, como já é sabido pelos fãs do Eloy, a pronúncia do Bornemann cantando as músicas carrega um forte sotaque germânico, mas isso não chega a comprometer a experiência extraordinária que é escutar um disco dessa magnífica banda.
Revisto por Gibran Felippe em 14/07/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Um dos mais sublimes sopros do rock progressivo alemão pode ser encontrado nesse exemplar do Eloy. Nesse trabalho liderado por Frank Bornemann, a banda definitivamente passou a ter sua luz própria, sacramentando de vez o exuberante resultado já alcançado no álbum anterior. A única alteração na formação, ocorreu no baixo, com a entrada do músico Luitjen Jansen que manteve a mesma excelência do anterior.

Entre inúmeras virtudes, considero "Floating" como sendo a maior performance em estúdio no que tange as guitarras de Frank Bornemman, diria que essa fera nesse trabalho tocou de forma arrebatadora, desde as variáveis em dedilhados, passando por bases extremamente criativas, empolgantes e solos fantásticos.

Esse álbum traz uma grande dose de variações rítmicas e através de um palimpsesto muito bem feito sobre o trabalho anterior, a banda novamente enveredou pelas fileiras do hard progressivo, porém dessa vez com diversas jam sessions incidentais em praticamente todas as músicas, mais notadamente em "The Light From Deep Darkness" e na deslumbrante "Plastic Girl". Acrescentam-se como ingredientes a esse tempero, altas doses de space e momentos psicodélicos exuberantes, que na medida exata traz o anticlímax necessário aos
arranjos progressivos do grupo.

O trabalho de capa também deve ser citado, segue a linha space a cargo do excelente artista francês Jacques Wyrs, famoso por desenvolver a concepção artística de alguns álbuns do mago alemão Klaus Schulze.

A introdução do "Floating" já apresenta de cara, sem muitos rodeios o poder sonoro do grupo, a música é tão intensa que dificilmente pensa-se em outra coisa durante a sua execução que não seja entoar junto com Bornemann o coro: "ô-ôô-ôôôô , ô-ôô-ôôôô...". Uma curiosidade interessante na segunda música - "The Light From Deep Darkness" - encontramos na base dos teclados de Wieczorke, onde posso citar como maior influência o hammond dos The Doors, impressionante a similaridade, aliás, consigo notar ecos do The Doors ao longo de todo "Floating", excetuando-se os momentos psicodélicos, é claro, onde a banda impõe toda sua personalidade, "Castle In The Air" não me deixa mentir, a primazia do Eloy em estado bruto, Frank Bornemman só falta fazer chover nessa música e também não posso esquecer a batera fenomenal do mestre Fritz Randow, com uma levada super variada e quebrada.

Depois do verdadeiro êxtase com "Castle In The Air", desaguamos numa das mais brilhantes composições do grupo, a magistral "Plastic Girl", uma crítica contundente a esse mundo falso em que os valores morais são deixados em segundo plano diante da superficialidade de atitudes, onde o que é mostrado por fora, vale muito mais que os valores internos de cada um, os sentimentos são fúteis e a falta de cultura é latente. A decepção fica clara quando se imagina ter encontrado alguém diferente, mas que conhecendo melhor, chega-se à conclusão que também vive num mundo de "plástico", totalmente superficial. Isso num tempo em que a cultura e a sabedoria eram muito mais valorizadas que nos tempos atuais de televisão a toda prova,
realities shows bizarros e consumismo desvairado, se "Plastic Girl" tivesse sido escrita hoje, difícil seria mensurar a decepção que já era grande trinta anos atrás. Quanto à sonoridade em si, segue o tom de melancolia das letras, com um arranjo pungente e sentimental, possuindo um solo de guitarra maravilhoso no meio da música, com passagens instrumentais vibrantes, servindo como antítese e força à alusão depressiva dos vocais.

O álbum culmina com a genial "Madhouse" que apresenta em seus versos um verdadeiro panorama do que a banda vivia naqueles tempos e milhares de outras também, um retrato fiel de uma geração extremamente criativa: "Musicians make their music, smoke, make love...". Felizes daqueles que puderam freqüentar uma autêntica
"madhouse" nos tempos de juventude!
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