Discografia Recomendada Paises Ibéricos - Anos 70 - Progbrasil

Discografia Recomendada: Paises Ibéricos - Anos 70

1. - Si Todo Hiciera Crack (1978)

Apreciando através de um monóculo, com máxima atenção, fica fácil perceber o motivo para o pedestal alcançado por essa obra do Crack, nesta seção dos Ibéricos 70. Disco extremamente consistente com todos os elementos surgindo em camadas equilibradas, não há sequer uma queda de nível durante a execução dos sete números do qual é composto. A força dos pianos remete-nos aos melhores momentos do Renaissance e a profusão de flautas o ápice da escola italiana, assim podemos entender melhor a musicalidade deste trabalho único do grupo, embebido nas maravilhosas cordas latinas. Vale ressaltar que a música título é uma autêntica obra-prima!

2. - 10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte (1978)

Trabalho magistral do universo ibérico, ''10.000 Anos Depois Entre Vênus e Marte'' é um dos melhores discos em todos os tempos no estilo sinfônico, ainda hoje muito difícil de ser encontrado e por isso mesmo é disputado a peso de ouro pelos proggers em todo o mundo. O mais inusitado é que José Cid não é um músico de estirpe progressiva em seu país e aproveitou o finzinho da onda progressiva para lançar esse petardo, que com o passar dos anos o próprio foi relegando em detrimento de músicas comerciais. Desde os temas espaciais relacionados a viagens através dos planetas, a espetacular concepção gráfica, uso do mellotron, mudanças de andamento, anticlímax, ênfase em teclados com belos contrapontos nas guitarras até as passagens eletrônicas e psicodélicas... absolutamente em tudo esta obra é progressiva até a raiz! A música tema e ''Mellotron O Planeta Fantástico'' são o ápice da genialidade do grande José Cid, pena que o mesmo tenha sido tragado pela música brega, se tornando um artista caricato em seu país e acrescentando muito pouco para a música em geral, se levarmos em conta a elevada qualidade das composições aqui presentes. Fica a maravilhosa letra em nossas mentes: ''E quando parti, da terra que deixei/ só tu me acompanhaste, mas ninguém/ Eu não sou daqui, da multidão fugi...''

3. - Recuerdos de mi Tierra (1979)

Aqui temos um autêntico frenesi instrumental! O grupo Mezquita é daqueles de tirar o fôlego, os teclados de Roscka são extremamente nervosos, porém executados com muito sinfonismo e originalidade, provando ser um dos mais geniais tecladistas oriundos do movimento ibérico. Obra fundamental do progressivo espanhol, ''Recuerdos De Mi Tierra'' destaca-se também pela profusão das cordas latinas, envolvidas pela influência árabe e emotividade dos vocais, capazes de arrepiar viva alma. Clássico absoluto e obrigatório, daqueles filhos solitários de grupos dos anos setenta, pois depois dessa obra o Mezquita perdeu completamente a mão num inverossímil retorno ao estúdio na década seguinte. A capa também é das mais belas do progressivo espanhol.

4. - Escenes (1977)

A suavidade do Gotic é de um lirismo ímpar, música transformada na mais pura poesia, teclados e flautas parecem um único instrumento, de mãos dadas por um campo florido. ''Escenes'' é mais um daqueles únicos exemplares maravilhosos de bandas setentistas. Também possui seus movimentos tensos e dramáticos, muita quebradeira a cargo da monumental bateria de Jordi Marti, com levada jazzística. Atenção para o último número - ''Historia D'Una Gota D'Aigua'' e cuidado para não se pegar derramando lágrimas.

5. - Tarantula (1976)

Este é o trabalho de um grupo andaluz que mais se aproxima da sonoridade que encontramos no Banco Del Mutuo Soccorso, algo que por si só já o credencia a figurar em quaisquer relações de melhores da região ibérica. A musicalidade do Tarantula é única e surge evolando-se através dos maravilhosos teclados e de uma guitarra extremamente melódica. Os vocais de Rafael Cabrera são outro ponto de destaque deste primeiro álbum do grupo que é muito superior ao que a banda desenvolveria na breve sequecia de sua carreira.

6. - Ciclos (1973)

''Ciclos'' representa uma das mais ousadas fusões entre a mais pura música clássica com o rock progressivo. Álbum composto por quatro longos movimentos adaptados das quatro estações, onde o grupo Los Canários atinge um nível elevado de consistência e virtuose, já que todos os elementos instrumentais possuem o mesmo destaque, permeados por arranjos equilibrados e de raro sinfonismo operístico. Ao contrário de outras versões clássicas, aqui não se trata apenas de uma releitura, por isso mesmo transborda em originalidade. É como se o grupo utilizasse a inspiração de Vivaldi apenas como ponto de partida para sua bela criação. Atenção para os vocais de Rudmini Sukmawati porque são soberbos, o entendimento do significado literal da grandiosidade do rock progressivo em muito está relacionado com esta obra.

7. - Mistérios e Maravilhas (1977)

Tintas épicas pintam a musicalidade deste aclamado disco do grupo português Tantra. Trabalho vigoroso, intenso e consistente, onde possui como grande atributo as atmosferas criadas entre o dedilhado das guitarras e os sintetizadores na linha space rock. A cozinha também se destaca pela quebradeira que imprime no ritmo musical da banda, algo que pode ser observado principalmente nas faixas ''A Beira do Fim'' e ''Maquina da Felicidade'', para aqueles que curtem Jose Cid é um prato cheio! O baixista Americo Luis é uma fera na condução do seu instrumento, vale uma atenção especial nas bases que imprime ao longo do disco.

8. - El Patio (1974)

Mais um trabalho repleto das marcantes cordas latinas, ''El Patio'' mostra uma perfeita fusão entre a viola flamenca e a suntuosidade dos sintetizadores, provando o quanto é sublime esse casamento que os espanhóis sabem tanto celebrar com rara harmonia. A música de abertura - ''Abre La Puerta'' é um autêntico petardo em que a figura de liderança a cargo do tecladista e vocalista Jesus de la Rosa surge imponente e transbordando de emoção. Vale ressaltar que o grupo Triana possui farta discografia não sendo pai de filho único, ao contrário da maioria dos irmãos ibéricos que estão presentes nessa relação, dessa forma vale a dica de exploração do belo universo musical deste inspirado grupo que teve em ''El Patio'' sua obra-prima.

9. - Ascenção e Queda (1976)

O biênio 78/79 foi realmente especial para o progressivo português, ''Ascenção e Queda'' é mais um legítimo representante desse áureo período para o rock progressivo do país. Trabalho conceitual misturando história e música com rara maestria ao narrar sobre os eventos de um povo acossado pela tirania do seu governante e por isso se alia a um estrangeiro na busca pela deposição do maligno tirano, mas depois caindo na armadilha e traição daquele que havia sido conduzido ao trono pelo povo. Não por acaso a própria história de Portugal acaba tendo nesse disco uma bela releitura, já que o país foi marcado por invasões de estrangeiros, desde os mouros até Napoleão e também por Governos ditatoriais, Salazar como exemplo imediato. A música é marcada por grande originalidade, com passagens sinfônicas entremeadas por um folk típico da região ibérica, permitindo espaço também para breves movimentos rápidos e intricados a la Emerson, Lake e Palmer. Destaques absolutos para os pianos e teclados de José Castro, responsável por ditar o ritmo da banda.

10. - Vericuetos (1976)

Um dos maiores trabalhos do progressivo sinfônico espanhol, ''Vericuetos'' impressiona pelo equilíbrio entre todos os instrumentos e as colocações pontuais dos vocais. Um trabalho repleto de anticlímax, passando a impressão de que o músico conduz a banda no limiar da emotividade, ressaltando o amplo uso da sítara em todas as faixas. Atenção para o set instrumental em ''La Mañana Siguente''.

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