Discografia Recomendada França - Anos 70 - Progbrasil

Discografia Recomendada: França - Anos 70

1. Pulsar - The Strands of the Future (1976)

Intimista, intensa, dramática e alegórica, assim é esta obra-prima do Pulsar! Como num papel acetinado, aqui não há máculas, nem concessões. As composições fluem de forma livre, com destaques para as mágicas camas de teclados e mellotron a cargo de Jacques Roman e a bateria eficiente e de extrema categoria executada por Victor Bosch. As influências do Pink Floyd, fase ''Meddle'', estão presentes para deleite dos admiradores desta sonoridade bucólica, a diferença é que o Pulsar aproveita para fazer largo uso de flauta, contendo um flautista permanente em suas fileiras, o competente Roland Richard. Atenção para ''Windows'' e aperte os cintos, pois se trata de uma das maiores viagens do grupo.

2. Sandrose - Sandrose (1972)

Discoteca básica da França, este petardo tem como referência máxima o trabalho de guitarra produzido por Jean-Pierre Alarcen, que em seguida partiria para uma consistente carreira solo. A primeira faixa, ''Vision'', é daquelas para arrasar quarteirão, desde os vocais rascantes de Rose Podwojny, passando pelo set instrumental até desaguar numa sequencia matadora do guitarrista Alarcen. Outro destaque reside no grande entrosamento do grupo na execução da suíte instrumental ''Underground Session (Chorea)'', num tom de jam com solos variados no hamond de Henri Garella e na guitarra hipnótica de Alarcen, acompanhados com primazia por uma cozinha fenomenal.

3. Magma - Mekanïk Destruktïw Kommandöh (1973)

Medalhão francês, fundador de um estilo denominado zeuhl, aliás, mais que um estilo, um autêntico universo alternativo, o grupo Magma capitaneado pelo multi-instrumentista Christian Vander, baterista por excelência, atinge o ápice em ''Mëkanïk Dëstruktïw Kömandöh''. Obra intricadíssima, cerebral e absurdamente variada, ora pautada nos metais, ora delineada por breves movimentos de guitarra e teclados, mas sempre construída através da marca registrada do grupo: o frenetismo do coral de vozes com a liderança de Klaus Blasquiz e Stella Vander. Christian Vander teve algumas inspirações para a criação dessa obra máxima, a principal foi o filme ''O Exorcista'', fã confesso de Oldfield, o baterista idealizou uma sonoridade sobrenatural, fora dos padrões usuais. Todavia, não esperem algo de Oldfield aqui, muito longe disso... Melhor pensar que uma nave extra-terrestre pousou na Terra, provavelmente a música dos colegas marcianos seria algo próximo do criado pelo Magma!

5. Clearlight - Clearlight Symphony (1973)

Sinfonismo levado ao último grau neste projeto encabeçado pelo excelente Cyrille Verdeaux, marcado pela parceria entre grandes músicos, tais como Christian Boule, Steve Hillage, Didier Malherbe e Tim Blake. Os dois movimentos são de extremo requinte, mas a sensibilidade na segunda suíte confrangera o coração, a combinação de grand piano e mellotron é perfeita, lembrando os grandes mestres italianos que tanto sabem combinar este elementos. Com ''Clearlight Symphony'', Cyrille faz jus ao título de um dos maiores músicos do progressivo francês.

6. Pulsar - Pollen (1975)

O enigmático ''Pollen'' possui como referência ''Atom Heart Mother'', motivo de satisfação para grande parte do público progressivo, mas não se resume apenas a isto, tem muito mais. A bateria de Victor Bosch é efuziante, a precisão nas guitarras e violão de Gilber Gandil e toda maestria e polifonia de Jacques Roman. Não por acaso o Pulsar foi o primeiro grupo francês com distribuição na Inglaterra e em praticamente todos os cantos da Europa. Disco obrigatório, com destaque para a suíte título que é magnífica!

7. Asia Minor - Crossing the Line (1979)

Álbum de estréia desta ótima banda franco-turca, ''Crossing The Line'' remete à fusão entre os elementos orientais asiáticos com o sinfonismo europeu. Já na abertura em ''Preface'' o grupo apresenta a flauta enfetiçada de Eril Tekeli e bateria quebradíssima de Lionel Beltrami. As guitarras e os vocais também são um primor. É possível observar uma mistura da melancolia do Pulsar com o fusion do Carpe Diem, algo ratificado com a audição da sublime ''Mahzun Gözler', composição clássica do prog francês setentista e uma das melhores em todo o disco.

8. Pentacle - La Clef Des Songes (1975)

Obscuro disco, trabalho único do grupo Pentacle, que se popularizou pela excelente edição da gravadora MUSEA, lançado inclusive recentemente no Brasil, porém devidamente esgotado, pois como tudo de bom que é lançado no país, acaba por sair de catálogo rapidamente. Obra bem equilibrada, permeada com muito sinfonismo nos teclados a cargo de Claude Menetrier e destaque absoluto para a magnífica suíte ''Le Rancoteur". Discoteca básica!

10. Carpe Diem - En Regardant Passer le Temps (1975)

A começar pela magistral capa apocalíptica, passando pela musicalidade extremamente consistente e desaguando numa sensibilidade ímpar, ''En Regardant Passer le Temps'' é um dos trabalhos mais vigorosos de toda discografia francesa, com destaque para os milhares de sopros do excepcional David Claude-Marius, pois o que ele executa na música ''Réincarnation'' é de tirar o fôlego. O álbum é marcado pelo tom equilibrado com as intervenções sonoras e harmonia vocal em doses perfeitas. Simplesmente obrigatório e fundamental para todos aqueles que desejam navegar nas brilhantes águas do progressivo francês.

9. Mona Lisa - Le Petit Violon De Mr Grégoire (1977)

Uma das maiores suítes de toda história do progressivo francês está disponível neste clássico trabalho do grupo Mona Lisa. Trata-se da derradeira música que intitula o álbum, onde o primeiro movimento impressiona pela performance vocal, desempenhada com alma fora do comum. A aura teatral circunda todo o disco, encontrando paralelos também na França em outros grupos clássicos como Ange e Gong (fase Daevid Allen). O grupo se tornou célebre na década de setenta em seu país por participar de vários festivais, pautado pela diversidade de grupos e estilos. Vale ressaltar que seu retorno aos palcos na década de noventa nos festivais mais importantes de rock progressivo do planeta também causou furor no meio. Vale quanto pesa!

4. Gong - Radio Gnome Invisible Vol. 2 - Angel's Egg (1973)

Um dos pilares não só da França, mas mundial, ''Angel's Egg'' destaca-se por ser o disco mais inventivo e genial do Gong, principalmente porque é o único que foi capaz de reunir todas os músicos mais relevantes na belíssima trajetória musical do grupo, destacando-se a magia lunática do fundador Daevid Allen, responsável pelo toque space rock em músicas como ''Sold To The Highest Buddha'', momentos canterburyanos com a guitarra do mestre Steve Hillage e o sax do encantador de ventos Didier Malherbe, como observado em ''I Never Glid Before'' e ''Eat That Phone Book Coda'', além da cozinha jazzística no fusion de Moerlen e Blake. Assim é esta autêntica obra-prima, uma reunião de músicos incríveis, diversificados, num mix de muita psicodelia, categoria e atmosfera única.

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