Pendragon - The Round Table - Progbrasil

Pendragon

Inglaterra
http://www.pendragon.mu/




Titulo: The Round Table
Ano de Lançamento: 2001
Genero:
Label:
Numero de catalogo: BBR001CD

Revisto por Gibran Felippe em 11/01/08 Nota: 8.5

 

Fantástico, vai rolar direto no meu som

"The Round Table" é um coletânea coesa distribuída pelo saudoso selo
argentino Big Bear, passando-nos uma boa idéia da vasta obra do
Pendragon. A mesma tomou forma a partir do grande frisson causado pela
banda durante a sua passagem pela América do Sul e principalmente pela
Argentina em 1998. Antes de abordarmos as músicas, é sempre bom
relembrar um pouco da trajetória, dessa que está entre as cinco mais
importantes bandas do movimento progressivo de resistência, no período
decadente da década de oitenta. O Pendragon se formou em 1978, porém o
grupo só começou a ter visibilidade quatro anos depois ao sair em turnê
pela Europa juntamente com o Marillion, onde ambos conseguiram firmar
contratos com o mega selo EMI, entretanto ao contrário da sonoridade de
seu par, que possuía influência direta do Genesis, o Pendragon pautou
sua sonoridade num misto de Pink Floyd e Camel numa forma moderna de se
criar rock progressivo, passando-nos uma clara idéia de trazer algo de
novo para a cena progressiva, não se fixando em musicalidade datada ou
totalmente incorporada aos anos setenta, período áureo do rock
progressivo. Essa modernidade possibilitou à banda sua manutenção como
grupo de vanguarda, sempre levando bons públicos aos seus eventos e
arrebanhando mais admiradores a cada lançamento de estúdio.

A coletânea compreende a primeira década de produção fonográfica do
Pendragon, apresentando oito músicas descritas em cinco discos de
estúdio, dois Eps e uma compilação. Os temas possuem certa afinidade
com a questão conceitual do grupo, relacionada à lenda do rei Arthur,
porém são rebatidos com demandas atuais e letras muito interessantes e
pertinentes. A formação do grupo nas execuções em "The Round Table" é
Nick Barret – guitarras, Peter Gee – baixo, Clive Nolan – teclados e
Fudge Smith – bateria, quarteto que não representa a formação original
do grupo no clássico "The Jewel".

A abertura da obra se dá com uma versão inspirada de "Midnight Running",
contida no EP "As Good As Gold". Logo nos primeiros segundos já
percebemos a qualidade das guitarras de Nick Barret, com acordes
camelísticos e uma base de teclados absolutamente perfeita. Típica
produção sinfônica do neo representativo do grupo, contando com bons
vocais e alguns elementos que costumam não agradar à ala mais radical e
experimental, por exemplo, os refrões açucarados que de fato chegam a
ser um pouco repetitivos, mas não chegam a incomodar tanto assim,
principalmente pela virada que a música possui em sua segunda metade,
através da produção de efeitos comoventes, desaguando num solo matador.
"Sister Bluebird" vem na sequência, tratando-se de um dos melhores
momentos da coletânea, possuindo uma suavidade ímpar, capaz de fremir
corações com tamanha emotividade, tanto pelos solos de guitarra quanto
pelos excelentes vocais de Barret, aqui mostrando ser um legítimo
sucessor de Gilmour, já que executa solos tão maravilhosos da mesma
forma que também canta muito bem.

"Paintbox" é a representante do aclamado "The Masquerade Overture", onde
o grupo nos seus quase nove minutos de duração atinge um resultado de
composição e arranjo muito bem delineado. A introdução com um bela base
de teclados, sem bateria e com um solo de guitarra muito bonito
prenunciando os vocais do Barret já é um clássico do Pendragon. As
incursões no baixo durante toda a música por parte de Peter Gee também
são marcantes e a batera é um caso à parte só entrando de vez a partir
dos quatro minutos como base para um dos melhores solos de moog do
Clive Nolan na banda e na sequência Nick Barret manda ver com um solo
de arrepiar, misturando técnica e melodia em doses perfeitas. Após esse
maravilhoso set instrumental a música retorna aos vocais iniciais e se
encerra num anticlímax de forma muito apropriada. "Ghosts", a quarta
música da coletânea é outra composição de destaque, apesar de não ser a
melhor do "The Window Of Life" vale a menção, aqui temos outra vez um
Clive Nolan muito inspirado com bases de teclados brilhantes puxando a
sonoridade de piano e lembrando os grandes momentos de Rick Wrigth no
Pink Floyd. Nick Barret pega o gancho da introdução com um belo
dedilhado para em seguida rasgar nas guitarras na evolução natural do
desenvolvimento da música, destaque também para o movimento final, neo
prog de primeira grandeza.

"The Voyager" faz parte do álbum de estúdio "The World", para muitos o
melhor trabalho do Pendragon. Trata-se de uma composição muito
climática com uma introdução que lembra um pouco os acordes iniciais de
"Wish You Were Here", mantendo a base de violão para os vocais de Nick
Barret. Típica balada do Pendragon que vai crescendo durante seus doze
minutos de forma apropriada, porém os refrões aqui são pop demais e
considero-os como ponto negativo para uma música de doze minutos.
Acredito que para uma suíte não há muita sustentação e não a vejo no
mesmo nível das anteriores, sendo a mais fraca presente no "The Round
Table" e mesmo a virada na segunda metade da música com um teclado
realmente maravilhoso não apaga a má impressão deixada nos seus sete
minutos iniciais. A rigor, se fosse apagada a primeira metade da
música, com certeza teria sido bem melhor o resultado final. Outra que
segue essa tendência é "Dark Summer's Day", não vejo muitos atrativos
na mesma que justifique sua presença, tendo em vista que a banda possui
inúmeras canções mais interessantes.

As duas últimas que fecham a coletânea são verdadeiros hits da fase
inicial do grupo sempre executadas durante as apresentações até os dias
atuais; "Total Recall" e "The Black Knight", essa última para mim é uma
das melhores músicas do movimento neo progressivo dos anos oitenta.
Aqui, numa versão inédita contando com a participação dos membros
atuais em nada deixando a desejar para a versão original contida no
antológico "The Jewel". No geral, "The Round Table" cumpre
perfeitamente o papel de apresentar um panorama da carreira do
Pendragon, principalmente para aqueles que ainda não tiveram a
oportunidade de conhecer o bom progressivo da banda, mas não está no
nível do primeiro disco de estúdio do grupo, que mesmo após tantos anos
ainda continuo julgando ser o melhor e "The Black Knight" é uma página
brilhante que ratifica essa observação.
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