Alaska - Alaska - Progbrasil

Alaska

Estados Unidos




Titulo: Alaska
Ano de Lançamento: 1998
Genero:
Label:
Numero de catalogo: 77

Revisto por Gibran Felippe em 21/03/10 Nota: 8.5

 

Fantástico, vai rolar direto no meu som

Fantástico, vai rolar direto no meu som.

Grupo americano surgido nos anos noventa, tendo em suas fileiras um duo composto por músicos técnicos e talentosos: Al Lewis - vocais, bateria e guitarra e John O' Hara - teclados. Antes de analisarmos propriamente o álbum, vale relatar algumas curiosidades. O nome da banda alude a uma música do primeiro disco do UK, já que ambos são admiradores da sonoridade dos ingleses e o estilo dos teclados de O' Hara lembra bastante a desenvoltura do veterano Eddie Jobson. O grupo ficou conhecido nos EUA antes do lançamento deste trabalho homônimo, pois já haviam se apresentando em uma dezena de festivais em meados da década de noventa, sendo requisitados inclusive para os dois mais famosos: Progday e Nearfest. A performance da dupla impressionou o cenário progressivo americano, favorecendo o lançamento deste trabalho.

A música de abertura, 'Ice Spirits', conduzida pelos vocais de Al Lewis, lembra sobremaneira os melhores momentos da carreira solo de Jon Anderson, porém, apesar da grande semelhança de timbres, Al é um pouco mais agressivo nos vocais. A temática conceitual também está ligada ao universo onírico que o vocalista do Yes tanto gosta de exaltar em suas músicas. Atenção para a virada de andamento em meados da música. 'Museum Dreams' é uma faixa de grande sensibilidade, com belas variações nos teclados que formam uma base sinfônica a la Yes, onde se percebe a extrema influência do grupo nas composições do Alaska, sem falar que O' Hara é afeito a bases épicas, tais como Rick Wakeman criava no Yes, principalmente na fase 'Tales From Topographic Oceans'. Este é um dos motivos para que boa parte dos admiradores do Yes apreciem bastante esta obra.

Um autêntico e belo anticlímax toma forma com a melancólica 'Two Shades Of Grey'. Sintetizadores emulando flauta, Lewis deixa a bateria de lado e assume um harmônico dedilhado na guitarra acústica, além do brilhantismo dos vocais. Um outra forte influência na musicalidade do Alaska surge com 'Anyman's Tomorrow' - o Asia - super grupo oriundo dos anos oitenta que criou uma variação pop para o rock progressivo. A introdução nos teclados tem referência clara aos dois primeiros discos do Asia, os timbres são praticamente os mesmos, esta influência fica ainda mais nítida quando observamos a capa do álbum, o logo e os desenhos impressionam pela semelhança com os designs do Asia. A música conta ainda com dois convidados especiais; Kent Wells - guitarra e Dave Fowler – baixo, mas mesmo contando com os convidados, esta é o calcanhar de Aquiles do álbum, pois cansa pela linearidade e seu andamento praticamente não possui variações.

Na sequencia, três músicas funcionam como interlúdio da obra, são elas 'Bardanes', 'Reason To Wonder' e 'Mesa Extrana', com destaques para a profusão de convidados nesta última: Lise Boorse - violino, Dave Friedman - violino, Cheryl Blumenthal - viola, Lori Savage - violoncelo, William Weber - trompete, Mary Ann Kasko - oboé e Leo Schott - flauta.

A segunda parte do disco inicia-se com a mais longa e tensa música do grupo, 'Tiananmen Square', com influências claras da pegada do Rush, fase anos oitenta. O tema é espinhoso, tocando numa das feridas dos EUA, através do status social mundano que rege o estilo de vida dos americanos e sua capacidade de criar guerras através de uma autoridade hostil que se inicia em seu próprio território, sobre a bandeira do patriotismo. A força dos teclados de John O' Hara mostra sinergia com o tema, pois nesta música ele está um azougue, combinando com os vocais militares do convidado Joe Hlavatary. Vale citar o refrão desta boa faixa: 'And all these powers will be held in line, this will not be a monster that we create, and if it needs to be change whit time it will never be... ' A música mais interessante do álbum é 'WellsBridge', pois os malabarismos nos teclados de O' Hara estão o máximo e as viradas de Al Lewis marcam consistentemente o ritmo da música. A suavidade dos vocais envolta no turbilhão sonoro remete aos grandes momentos do Starcastle, um dos pilares americanos dos anos setenta. A mudança de andamento que ocorre a partir dos cinco minutos paga inteiramente o custo do cd com sobras, é um momento de muita inspiração, os teclados frenéticos são um show. Quebradeira pra ouvir e admirar!

'Caring' traz à tona outro grande grupo - o adorável Legacy. Pra encerrar, o duo fecha a obra com 'Forests Of Heaven', mais uma referência clara ao Yes, até a alma! Infelizmente lá se vão mais de dez anos e o Alaska não concebeu seu segundo álbum, apesar do relativo sucesso deste disco de estréia, muito disso se deve ao ingresso de Al Lewis e John O' Hara na recriação do Starcastle.
Progbrasil