Jethro Tull - Catfish Rising - Progbrasil

Jethro Tull

Inglaterra
http://jethro-tull.com




Titulo: Catfish Rising
Ano de Lançamento: 1991
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 21/09/05 Nota: 6.0

 

Gostei, mas poderia ser melhor

Não é tarefa fácil atravessar os anos com a verve criativa sempre em êxtase. Pouquíssimas bandas com mais de trinta anos de trajetória no rock podem se vangloriar com uma discografia sem máculas. Para muitos, nenhuma banda que tenha mais de 15 discos de estúdio lançados conseguiu tal proeza, principalmente pelos lançamentos após a década de 70. Provavelmente eu esteja incluído no grupo daqueles que acham isso.

É sobre justamente uma obra pós-70 de um medalhão que se insere o teor desses comentários. A obra em questão é de 1991, da magnífica banda Jethro Tull e chama-se "Catfish Rising". É fato que dentre aquelas bandas do primeiro parágrafo o Jethro Tull foi uma das que mantiveram maior regularidade ao longo dos anos, sempre produzindo grandes músicas e ótimos álbuns, mas nesse "Catfish Rising" eles escorregaram completamente.

A simplicidade dos arranjos, a pouca variação das músicas chega a incomodar em se levando consideração uma banda que criou obras como "Thick As A Brick", "A Passion Play", "Aqualung", "Heavy Horses", "Stormwatch", "Stand Up" e por aí afora. Acredito que "Catfish Rising" agradará aos admiradores do rock mais cru, daquele que possui estreita relação com o blues, com destaque total para as guitarras e vocais, pois é justamente isso que o cd representa, vocais e guitarras em excesso e com uma cozinha medíocre, onde é quase impossível se ouvir uma virada da bateria, ou uma linha de baixo mais criativa, ou pelo menos que fuja apenas à simples marcação de compasso. E teclados? Apenas como pano de fundo em algumas músicas e olhe lá, mas quanto a isso é até perdoável, pois o Jethro nunca foi banda de teclados marcantes, mas a verdade é que um John Evan faz uma falta absurda. E pra quem espera ouvir os violinos que sempre marcaram presença de forma sublime na metade da década de 70 em diante, vai ficar a ver navios também, pois não tem nada!

Já ia esquecendo do principal, as flautas? Pois é, nesse cd o Ian Anderson prefere cantar! O álbum é composto por 13 músicas, onde a mais longa possui 7 minutos e a maioria não passa de 4 minutos. Todas pautadas por um rock básico, com destaque absoluto para o Martin Barre que como sempre faz a sua parte e muito bem, o problema é que a cozinha é medíocre.

Mas apesar de tudo ainda assim é uma obra do Jethro Tull e não é de se jogar fora, conseguimos extrair bons momentos em determinadas músicas, o problema é agüentar a repetitividade sonora ao longo de todo o trabalho. Parece-me que o Tull foi em busca de algo mais palatável, mais comum, enfim, mais comercial. Não há mal nisso, mas para os fãs do rock progressivo não vai agradar nem um pouco, até porque não tem nada de prog. "Catfish Rising" se aproxima inteiramente das obras do Eric Clapton, Steve Ray Vaughan e principalmente Dire Straits.

Sobre as músicas diria que "This Is Not Love" na abertura já deixa bem clara a proposta musical do grupo, com as guitarras e vocais inteiramente no comando do início ao fim, depois temos "Occasional Demons" exatamente na mesma linha e com aqueles finais ridículos que o som vai sumindo aos poucos. "Roll Yer Own" e "Rocks On The Road" já fazem parte do roteiro bluezeiro, típicas músicas que tocam nos filmes americanos quando dois policiais entram numa casa de "strippers" à procura de pistas. "Sparrow On The Schoolyard Wall" é uma tentativa de variação, com um ritmo mais próprio ao Tull dos anos 70, mas a lembrança é muito leve, até porque a música é muito curta. As quatro músicas subseqüentes são Dire Straits purinho, pra quem gosta é prato cheio, pode comprar o cd ontem! Chegamos na décima música, na verdade o cd poderia perfeitamente ser finalizado com essa "White Innocence" que é por coincidência a música mais extensa da obra e sem dúvida a única que possui o suspiro progressivo em seu escopo, tendo um equilíbrio maior entre as guitarras, flautas e finalmente teclados. Inclusive conta com quebradas no compasso, com mudanças sonoras, justificando o nome Jethro Tull.

As últimas três músicas são pra encher lingüiça, ou então uma homenagem ao Steve Ray Vaughan, contam até com aquele batidão tradicional: Tum.... Tum.....! Tum.... Tum....! Tum... Tum...! Que por sinal acho chato pra dedéu.

A última música é um questionamento e seu título é: "When Jesus Came To Play", pois é, acho que o título mais correto deveria ser: "When Jethro Came To Play". E na última frase a música finaliza com outro questionamento meio basbaque: "Oh Jesus, is it really you?" E eu termino mais embasbacado ainda: Oh Jethro, is it really you?

Recomendo esse álbum apenas para os fãs incondicionais da banda, ou então para aqueles que curtem um rockão a la Eric Clapton e descompromissado, para os mais exigentes melhor nem chegar perto, mas por uma dessas promoções de supermercados até que vale a pena.
Progbrasil