Jethro Tull - Stormwatch - Progbrasil

Jethro Tull

Inglaterra
http://jethro-tull.com




Titulo: Stormwatch
Ano de Lançamento: 1979
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 02/11/06 Nota: 8.0

 

Ótimo trabalho, disco de cabeceira


Esse foi o décimo segundo trabalho de estúdio da profícua carreira do
Jethro Tull, lançado em 1979. Para muitos, o último exemplar da melhor
época da banda, representando o fim de uma era de ouro. Não chego a
comungar totalmente com esse contexto, pois creio que o grupo ainda
criou muita boa música após "Stormwatch", mas é perceptível que
esse trabalho denotava uma orientação menos complexa, já não era
uma obra tão inspirada quanto as anteriores, deixando transparecer um
certo declínio do grupo.

Ao meu ver, "Stormwatch" é um bom disco de prog - folk - rock, a rigor,
o grande problema desse trabalho reside justamente na falta do
inopinado, nas jams e variações tão tradicionais e encantadoras que
sempre foram marca do Tull, onde podíamos desfrutar da grande
categoria e criatividade dos músicos. "Stormwatch" diversas vezes
torna-se burocrático, previsível, possuindo belos arranjos(David
Palmer ainda estava na banda), belas melodias, mas sem muito tempero,
exceção honrosa da magnífica "Dark Ages", que posso comparar sem
medo de equívocos, ao que de melhor foi produzido pela banda.

A formação do "Stormwatch" é Ian Anderson(flautas, violão, baixo e
vocais), Martin Barre(guitarra), Barriemore Barlow(bateria), John
Glascock(baixo), John Evans(piano) e David Palmer(sintetizadores e
arranjos orquestrais). Basicamente a responsável pelo melhor momento
da banda, contido em "Thick As A Brick", à exceção do baixo e a
mesma do trabalho anterior "Heavy Horses", entretanto após
"Stormwatch" ocorreu uma debandada geral, onde quatro integrantes
deixaram o grupo, ficando apenas Martin Barre. Durante as gravações
de "Stormwatch" o baixista John Glascock apresentou graves problemas de
saúde, fazendo com que Ian Anderson assumisse o baixo em algumas
músicas e iniciasse uma verdadeira guerra de nervos com o baterista
Barriemore Barlow que ainda acreditava no retorno do baixista e amigo
para o término das gravações. A situação ficou praticamente
insustentável quando ficou claro que John Glascock estava no seu
limite durante as turnês e a gravidade do seu problema ficou latente
quando pouco tempo depois o músico veio a falecer.

A relação entre Anderson e Barlow nunca voltou a ser como era, tanto
que na edição remasterizada de 2004, Ian Anderson a dedica justamente
ao baterista, como forma de reconhecimento pelos grandes préstimos à
banda, afinal, na minha opinião Barriemore Barlow está entre os
melhores bateristas de todos os tempos.

O álbum possui uma variação musical intensa, com algumas músicas
orientadas para o hard, tais como "North Sea Oil" e "Somethings On The
Move", outras para o folk; "Home" e "Dun Ringill", duas progressivas
sinfônicas clássicas; "Dark Ages" e "Flying Dutchman", duas
folclóricas jazzy e típicas; "Warm Sporran" e "Elegy" e até uma
"Aqualung" oriented - "Orion", é isso mesmo - "Orion" é uma tentativa
falha de reviver o grande clássico do grupo.

Pensar em Jethro Tull é imaginar a flauta enlouquecida de Ian Anderson
arrebentando e por esse aspecto uma das músicas que mais me agradam é
justamente "Somethings On The Move", onde podemos apreciar em larga
escala todo o talento do mestre na flauta e muito bem acompanhado por
uma bateria de alto nível. Infelizmente, em se tratando de Tull, outro
problema que consigo detectar nessa obra é o pouco uso da flauta por
parte de Anderson, talvez por ter que também tocar baixo.

Mesmo não sendo um trabalho conceitual, "Stormwatch" aborda em diversos
momentos a crise energética, a começar pelo título, passando pela
concepção artística de autoria do próprio Ian Anderson e com o
petardo "North Sea Oil" como música introdutória. Ainda é possível
enquadrá-lo como o encerramento de uma trilogia, juntamente com "Songs
From The Wood" e "Heavy Horses", em que se preconiza o fim da natureza,
do planeta em que vivemos, para o início de uma nova era do gelo
ocasionada pela industrialização desmesurada.

Na minha opinião, o ponto alto de "Stormwatch" está centrado nos
pianos de John Evan, é incrível o trabalho do pianista quando toma as
rédeas em vários momentos com grande desenvoltura técnica e um
feeling todo especial, basta atentar para as seguintes músicas:"Dark
Ages", "Somethings On The Move" e "Flying Dutchman".

"Stormwatch" não representou o fim da magia do Jethro Tull, mas diria
que tenha sido o último encontro de um grupo que tinha um algo a mais,
de seis músicos que escreveram uma das mais emocionantes histórias do
rock.
Progbrasil