Discoteca básica, fundamental
  PHAEDRA by Tangerine Dream. Palavras mágicas para os amantes da música
 eletrônica, escritas na capa do álbum lançado em 1974 pelo Tangerine Dream
 em que pela primeira vez surgem as tradicionais seqüências eletrônicas,
 marca registrada da banda.
 
 Como Phaedra é historicamente importante, nos próximo parágrafo falo um
 pouco da história por trás do álbum, para depois falar sobre a música.
 
 O Tangerine Dream já vinha sendo comentado e sua fama crescendo devido ao
 álbum anterior, ATEM (1973), que era constantamente tocado pelo DJ inglês
 John Peel. O selo Virgin Records de Richard Branson tinha ficado milionário
 com o seu primeiro lançamento, o TUBULAR BELLS de Mike Oldfield, de 1973. E
 com todo esse boca-a-boca, a Virgin, que estava recrutando vários artistas
 com tendências experimentais, chamou o Tangerine Dream. E este Phaedra foi
 o primeiro disco para a Virgin, que vendeu centenas de milhares de cópias
 na Inglaterra, ficando em 15º lugar por 15 semanas consecutivas, só devido
 ao boca-a-boca, levando o grupo à fama mundial.
 
 Chris Franke tinha acabado de adquirir um emblemático sintetizador Moog,
 que um dia tinha pertencido aos Rolling Stones, e é o Moog que possibilita
 as seqüências de notas graves, que fazem com que o grupo comece a criar
 músicas mais estruturadas ao redor destas seqüências, iniciando uma gradual
 mudança de estilo que se completaria dois anos depois, com STRATOSFEAR, de
 1976, o primeiro álbum com estruturas mais complexas. O Moog era um
 equipamento instável e trabalhoso, levava horas pra ser afinado. O grupo
 tinha trabalhado por onze dias e só conseguido gravar alguns minutos.
 
 Na faixa-título que abre o disco, podemos ouvir o Moog após alguns efeitos
 sonoros que estabelecem o tradicional clima surreal. Mas nesta gravação,
 Chris Franke ainda estava afinando o instrumento; na verdade o grupo estava
 ensaiando e o engenheiro gravou tudo! Após alguns minutos a seqüência pára,
 mas logo em seguida é retomada, agora sim num crescendo constante, sempre
 acompanhado de frágeis temas melódicos e sonoridades etéreas e
 fantasmagóricas, até que de repente tudo desaparece e o ouvinte é deixado à
 deriva no espaço sideral; lentamente o som do Mellotron vem para trazê-lo
 de volta à Terra, com sensíveis harmonias, e uma finalização surpreendente.
 (Observe que em algumas edições do CD, particularmente na "Definitive
 Edition" da Virgin, o final desta faixa foi colocado no início da próxima.
 A duração correta de Phaedra é de cerca de 17'45".)
 
 Se já não bastasse essa impressionante demonstração de sensibilidade
 estética, somos mais uma vez apresentados ao som do Mellotron, naquela que
 talvez seja a obra-prima de Edgar Froese no instrumento: a primeira faixa
 do Lado B no LP original, com o título surrealista de "Mysterious Semblance
 at the Strand of Nightmares". Uma música difícil de se descrever; só posso
 dizer que tem harmonias transcendentais, acompanhadas de efeitos sonoros de
 phaser, tocados pela esposa de Edgar, a Monique Froese, que não é creditada
 no álbum. Monique esteve sempre presente na história do Tangerine Dream,
 criando muitas capas de discos e tirando fotos do grupo.
 
 Em seguida, voltamos ao Moog com "Movements of a Visionary". Desta vez, a
 seqüência tem um aspecto mais rítmico e direto, prenunciando o próximo
 álbum, RUBYCON, de 1975. Novamente temos os tradicionais efeitos sonoros e
 as harmonias que criam a única atmosfera destes primeiros e clássicos
 álbuns do grupo.
 
 PHAEDRA é encerrado com a curta mas não menos impressionante "Sequent C'",
 tocada apenas na flauta com eco de fita por Peter Baumann. Um final bonito
 e enigmático, perfeito para este álbum que é um marco na história da música
 eletrônica. | 
           
						  
         
       |