Jean Michel Jarre - Equinoxe - Progbrasil

Jean Michel Jarre

França
http://www.jeanmicheljarre.com/




Titulo: Equinoxe
Ano de Lançamento: 1978
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gustavo Jobim em 12/03/07 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

No ano de 1976, Jean-Michel Jarre quase que do nada surgiu com seu Oxygene,
vendendo milhões de álbums, um alcance popular sem precedentes para um álbum de música eletrônica.

Oxygene apresentava uma estrutura sinfônica, com músicas que emendavam umas nas outras, timbres e efeitos sonoros que imitavam sons da natureza, características que ajudaram a impulsionar o surgimento daquilo que veio a ser chamado "new age" nos anos 80.

Porém em 1978, já milionário, Jarre foi capaz de se superar como compositor, criando EQUINOXE, um álbum que trazia uma estrutura muito semelhante ao Oxygene mas que levava o estilo a novas alturas, com mais qualidade em todos os sentidos.

A capa do disco, uma pintura estereoscópica criada por Michel Granger, o mesmo artista de Oxygene que ainda criaria várias outras capas para o Jarre, mostra milhões de espectadores com binóculos, como se fosse uma previsão das massas que assistiriam ao primeiro show de Jarre, em 1979, e a muitos outros shows megalomaníacos seguintes, que se tornaram marca registrada do francês.

Equinoxe é dividido em oito partes, todas sem título como em muitos outros álbuns de Jarre. A idéia do disco é representar a passagem de um dia.

A parte 1 soa nitidamente como uma alvorada, num crescendo constante. Este crescendo de repente pára e dá lugar à segunda parte, de movimento lento, cheio de delicados efeitos sonoros e um suave tema harmônico, como uma manhã de verão na praia. Novos sons vão surgindo conforme a música se desenvolve, já anunciando a terceira parte, que traz o primeiro tema melódico do disco. Mais uma vez um tema delicado neste Lado A que vai se desenvolvendo de maneira suave mas constante; a música é permeada de efeitos sonoros cuidadosamente criados e colocados. Ao final deste tema a harmonia lentamente se desfaz para dar lugar a uma batida que introduz o principal tema do disco, e uma das mais memoráveis músicas do francês: Equinoxe parte 4. Um tema inesquecível, um grande clássico da música eletrônica. Os arranjos hiperdetalhados continuam, temos um interlúdio com interessantes sons, e finalmente a faixa termina após mais algumas
repetições do refrão da música. Esta parte 4 é a segunda numa tradição de
"partes 4" do Jarre, que geralmente são as faixas mais diretas, usadas como
singles.

O Lado B se inicia de forma abrupta com uma trovoada, trazendo mais um tema
mais direto e acessível, que foi single e hit na Europa. Segue a sexta parte que na verdade é apenas uma ponte entre a 5a e a 7a, mantendo o mesmo ritmo, num trabalho de sequencer que se aproxima do Tangerine Dream. A parte 7 é uma música bastante expansiva, uma verdadeira viagem atmosférica que termina com o som da chuva finalmente chegando, após o anúncio no início do Lado B, na parte 5. E finalmente temos a parte 8, o final do disco, sempre um momento especial nos álbuns de Jean-Michel Jarre. Ela começa com um tema de realejo, uma referência às músicas de circo de rua que Jarre ouvia na infância. De fato, este tema vai de um lado a outro no estéreo, como se estivéssemos assistindo a uma pequena banda passando pela rua, debaixo da chuva. Mais tarde, o tema ficou conhecido como Band in the Rain e ao vivo Jarre sempre apresenta essa música tocando um verdadeiro realejo, apenas girando a manivela. Após essa introdução da parte 8 temos o encerramento que ouvidos atentos perceberão se tratar de uma reprise
bastante mascarada do tema da parte 5, uma música que mais parece trilha
sonora para se observar as estrelas à noite.

Enfim, como se pode ver é difícil descrever os álbuns de Jean-Michel Jarre,
especialmente os primeiros, com arranjos cheios de detalhes, músicas que se
fundem umas nas outras, e muito cuidado na criação e execução. Equinoxe é um disco perfeitamente equilibrado e diversificado. É a obra-prima de Jean-Michel Jarre, que nunca mais conseguiu encontrar o mesmo nível de perfeição apesar de diversos outros álbuns de muito sucesso artístico e comercial que vieram depois. Equinoxe é um dos maiores clássicos da música eletrônica, e poucos artistas conseguiram realizar criações tão completas e abrangentes como esta. Alguns exemplos que eu poderia citar que se assemelham nesse sentido a Equinoxe são Stratosfear, do Tangerine Dream, e Albedo 0.39, do Vangelis.
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