Grobschnitt - Jumbo - Progbrasil

Grobschnitt

Alemanha




Titulo: Jumbo
Ano de Lançamento: 1975
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 25/08/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

O Grobschnitt está entre as dez mais importantes bandas da Alemanha na década de 70, ao lado de nomes como Tangerine Dream, Eloy e Triumvirat e para não poucos amantes do rock progressivo ao redor do mundo é a preferida do país germânico. "Jumbo" é o terceiro álbum da banda e também o mais equilibrado, composto por músicas muito bem delineadas em sua estrutura, com introduções marcantes, desenvolvimentos com força e suavidade na medida exata. A harmonia e qualidade dos músicos são impressionantes, ou seja, todos participam efetivamente do trabalho, não há algum instrumento que se destaque, não há aquele músico que dê as cartas, que comanda. As linhas de baixo de Wolfgang Jager(Pepe) são espetaculares, os teclados a cargo de Mist produzem um arranjo discreto e muito melódico que permeia todo o trabalho, os riffs, dedilhados, solos e bases de Lupo são qualquer coisa de cativante, um verdadeiro mágico e por fim temos o formidável Eroc, não preciso nem comentar o seu grande leque de recursos e variações, em minha opinião um dos melhores bateristas de todos os tempos, fez miséria aqui nessa obra.

"Jumbo" é composto por quatro músicas centrais excelentes e super agradáveis, mesclando desenvoltura técnica e sentimentalismo como poucas vezes percebi no prog rock. A peculiaridade dos vocais de Wildschwein é traço marcante, passa uma vibração e uma vivacidade fora do comum, fulgura mesmo nos momentos em que o vocalista se mostra contristado.

É curioso observar que para a maioria dos admiradores da banda, "Jumbo" não possui o destaque que deveria ter, em diversas enquetes é menos lembrado que "Rockpomel´s Land", "Ballerman" e "Solar Music Live", diga-se de passagem, todos esses trabalhos são maravilhosos também, mas numa audição cuidadosa não é difícil entender que "Jumbo" não fica atrás.

O Grobschnitt através dos efeitos de som e de algumas passagens vocais apresenta um humor bem característico e original da banda, funcionando como uma ferramenta de otimismo e descontração na musicalidade desses geniais alemães. Como disse, a formação do grupo é de uma excelência musical incrível, a música "Dream and Reality" sempre me deixa arrepiado com a seqüência em que a guitarra de Lupo e os teclados de Mist aliam entrosamento técnico e um feeling matador executando as mesmas notas lá pelos seus três minutos e meio de duração, com uma cozinha absurda nas bateras de Eroc e baixo de Pepe, essa é uma das mais belas passagens da carreira da banda, culminando com uma parada arrebatadora e a entrada novamente dos vocais. Não tem como não se emocionar e ficar arrepiado com esse momento sublime, simplesmente indescritível em palavras.

A penetração da banda no ano de 75, lançamento de "Jumbo", já era considerável e por esse motivo o mesmo fora editado em duas versões: alemã e inglesa. Nunca consegui identificar exatamente o porquê, mas sempre tive uma pequena preferência pela versão inglesa.

Fico impressionado com a grande flexibilidade do Grobschnitt ao longo de toda a sua discografia, em cada álbum nota-se um estilo e uma orientação sonora distinta, nunca trazem mais do mesmo, sempre conseguiram reinventar sua proposta musical com maestria. Enquanto no debutante "Grobschnitt" temos uma orientação sinfônica e mais clássica, "Ballerman" já possui aproximação com o hard e tons psicodélicos e no "Jumbo" a grande viagem, a orientação é space, em alguns momentos lembrando muito a sonoridade do Eloy, principalmente quando ocorrem backing vocals, até mesmo femininos em algumas passagens incidentais. É bem verdade que também há tintas psicodélicas, até mesmo na concepção gráfica, ao colocar a bordo de um monomotor bizarro inúmeros personagens pitorescos, capitaneados pelo próprio elefante dos estúdios Disney que dá título ao álbum, nada mais, nada menos que o famoso Jumbo.

Acredito que o grupo tenha deixado para o fim, o grande momento desse trabalho, a última música "Sunny Sundays Sunset" é magistral, verdadeiramente apoteótica, contém um dos mais belos solos de guitarra de Lupo. Ao término de "Jumbo", temos ironicamente uma despedida apresentada pelo grupo que sempre desperta um pouco de saudosismo pelos maravilhosos momentos musicais que passamos ao lado dessa banda fenomenal durante toda a execução desse tesouro no player.

Então, meus amigos, deixo um convite especial, acompanhar a excursão do Father Smith e se preparar para uma viagem encantadora.
Progbrasil