Van Der Graaf Generator - Godbluff: Live 1975 - Progbrasil

Van Der Graaf Generator

Inglaterra




Titulo: Godbluff: Live 1975
Ano de Lançamento: 2003
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 10/06/07 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Trazer uma apresentação do inventivo Van Der Graaf Generator no auge dos anos 70 é admirável, mesmo que pese uma produção paupérrima para um dvd que aborda um dos ícones do movimento progressivo. Essa obra divide-se em duas partes praticamente com a mesma duração: a primeira mostra aproximadamente trinta e cinco minutos do famoso show realizado em Charleroi com formação clássica e a segunda um set em estúdio de 1971 com a mesma formação: Hugh Banton – órgão e baixo, Guy Evans – bateria, David Jackson – flautas e sopros e Peter Hammill – vocais e piano.

O dvd se inicia com o petardo "The Undercover Man" onde já podemos notar de imediato o hipnotismo vocal imposto por Hammill, acompanhado por uma flauta deslumbrante de David Jackson, tendo ao fundo uma marcação feroz de Guy Evans. Na seqüência surge o clássico absoluto "Arrow", em que todo o lamento do grupo aflora em momentos preciosos; belos solos de sax do extraordinário David Jackson. Impressionante ver o close do pescoço de Hammill e as veias saltando com tamanha agressividade vocal.

"Scorched Farth" é uma das melhores poesias de Peter Hammill, tipo de música que considero excepcional na discografia da banda, apresentando a libertação do homem segundo o vocalista, em que prenuncia: "ele não será refém, nem será escravo". Letra e música se chocam em profunda simetria e Hammill prova que além da sua violência vocal onde por diversas vezes se assemelha a uma gralha fugindo de uma caçada, também pode ser de uma suavidade comovente em vários momentos da música. Aqui a batera de Evans é um caso à parte, quebradeira total.

Em "Sleepwalkers" percebemos que é o tecladista da banda – Hugh Banton – ele simplesmente arrebenta; e as filmagens que o haviam abandonado por completo até então, resolvem finalmente lhe dar o destaque devido, já que antes só valorizavam o trio principal: Hammill, Jackson e Evans. Reparado esse equívoco nota-se a grande qualidade do tecladista e passamos a compreender que a banda possui uma formação inusitada nessa apresentação: dois teclados, sopros e bateria, praticamente sem baixo e nada de guitarras. Acho que é a única no universo progressivo a ter essa formação para um show. O ápice ocorre com o pirotécnico Jackson tocando dois saxes ao mesmo tempo, que acabou ficando como sendo uma de suas marcas registradas. O término dessa música é arrasador, já que sua intensidade vai diminuindo paulatinamente até o fim e o completo êxtase
da platéia.

Não posso me furtar a informar que esse show de 75 ficou um pouco prejudicado pela imagem avermelhada e a qualidade da mixagem também deixou a desejar. Numa tv comum, sem um bom equipamento de áudio acaba por não ter um resultado satisfatório. Por outro lado, o melhor momento desse dvd ainda está por vir – a exibição da performance da banda em estúdio após o magistral "Pawn Hearts", com qualidade de som e imagem superiores ao show anterior.

Essa segunda parte se inicia com uma interpretação incendiária para "Theme I", em que a força do Van Der Graaf Generator aparece em forma de power trio com Evans, Jackson e Banton estupendos nos cinco minutos de sua duração.

Por fim, temos o grande clássico "A Plague Of Lighthouse Keepers" sendo executado na íntegra, onde posso considerar como um dos grandes momentos do rock progressivo, até mesmo por se tratar de uma das melhores composições do quarteto, com todo um clima, tendo um cenário ladeados por velas, que no anticlímax fazem um efeito super psicodélico e viajante, típico da época.

Terminamos com a taça de vinho de Hammill suspensa para um autêntico brinde celebrando esse momento mágico que é a reunião de um time fabuloso em prol da boa música.

Assim como na recente resenha do dvd do Caravan, esse também padece do mesmo problema, a completa ausência de extras, algo inadmissível em se tratando do grande legado produzido pelo Van Der Graaf Generator.
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