Sebastian Hardie |
Australia |
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Revisto por: Sergio El Kadi | Nota:8.5 |
Sebastian Hardie é uma banda australiana cujos integrantes tocaram em várias outros grupos, com diferentes formações. Em 1975, os músicos se juntaram sob um novo nome para gravar um disco de rock progressivo com apoio de uma gravadora local.
De acordo com informações garimpadas em alguns sites, o apoio desta gravadora não foi lá muito grande, e a banda levou seis dias para gravar Four Moments, seu disco de estréia. Este fato não me pareceu lá muito animador, mas considero que a música australiana de forma geral tem um clima que passa um alto astral, e como nunca tinha ouvido bandas de progressivo australianas, resolvi conferir este disco. O resultado é impressionante. A banda não prima por passagens complexas, mas dá ênfase a melodias e arranjos com toques sinfônicos de muito bom gosto. A música que dá nome ao disco, dividida em quatro faixas, apresenta uma melodia recorrente na primeira e última partes em andamentos diversos que lembra o Yes. Na segunda e terceira faixas, a banda lembra o Camel, principalmente pela guitarra do ótimo Mario Millo. Analisando a suite como um todo, a música é muito bem estruturada, com ótimas variações e o uso recorrente da melodia confere coesão à obra. "Rosanna" é uma faixa instrumental que também lembra o Camel em seus momentos mais calmos. A guitarra se destaca nesta música, mas os teclados estão sempre muito bem colocados e adicionam um charme especial às progressões e regressões que se sucedem em torno de uma mesma melodia central. A faixa que encerra o disco, curiosamente denominada "Openings", também é instrumental e começa mais ou menos na mesma levada da música anterior, ou seja, também lembrando o Camel, mas neste caso puxando para o lado infleunciado pelo blues, apresentando mais uma vez uma linha melódica recorrente com ótimos solos de guitarra e órgão / teclados intercalados. No final, a mesma linha melódica é apresentada em andamento mais rápido, num rock de primeira. Concluindo, Four Moments é um belíssimo disco que certamente cairá no gosto dos fãs do Camel. Uma grata surpresa, considerando a pouca tradição de bandas australianas no cenário progressivo e no tempo que a banda teve para gravar o disco. |
Revisto por: Gibran Felippe | Nota:9.0 |
Sinfônico até a alma! Essa seria uma definição razoável para esse
trabalho da mais conhecida e apreciada banda progressiva australiana dos anos 70, porém da mesma forma que diversas bandas dessa época, o quarteto australiano não concebeu um legado razoável, a sua discografia resume-se a duas produções somente, tendo mais uma terceira obra "Symphinity", onde Mario Millo resolveu encampar com o nome de Windchase, nada mais que a denominação do outro prestigiado trabalho do Sebastian Hardie. "Four Moments" possui três composições principais: a que dá nome ao título do disco com os seus quatro movimentos, "Rosanna" e "Openings". Na primeira parte acredito que o melhor momento está presente em "Journey Through Our Dreams", onde Mario Millo mostra todo o seu leque de habilidades ao tocar magistralmente sua guitarra, mostrando porque é considerado um dos melhores guitarristas do rock progressivo, com solos muito bem elaborados. Em "Rosanna" temos um verdadeiro pingente de sentimentalismo, é difícil não ficar encantado com tanta beleza, é justamente por essa música que muitos chamam a banda de Camel australiano com mellotron. Na minha ótica é difícil de precisar exatamente o Camel como influência, tendo em vista que as bandas surgiram quase que simultaneamente, logo prefiro identificar uma similaridade entre a sonoridade de ambos; prog sinfônico com guitarra chorada. A rigor, os australianos seguem uma linha mais épica e mais acessível, já o Camel é mais quebrado e um pouco mais hard, sem falar que o quarteto inglês tinha Peter Bardens que fazia mágica nos teclados. Classifico como grande influência do Sebastian Hardie não o Yes e Camel, como muitos apregoam, mas, sobretudo os trabalhos clássicos de Rick Wakeman, principalmente "Journey To The Centre Of The Earth". Do Yes temos apenas suspiros, não contornos óbvios como nas obras de Wakeman, até porque o Yes sempre fora muito quebrado também, enquanto Wakeman solo nos anos 70 foi mais clássico. O fato de a banda fazer um som acessível, sem muita complexidade, prevalecendo a melodia sobre os atributos técnicos, provoca o desagrado de uma ala de admiradores do progressivo mais complexo e ousado, principalmente daquela turma que gosta de um bom fusion, para esses, a obra em si pode não ser recomendável, mesmo assim é de se ressaltar que apenas com dois trabalhos a banda teve uma aceitação mundial no meio progressivo, mesmo com a maioria das pessoas conhecendo dez ou vinte anos depois dos seus lançamentos. A última música "Openings" é de grande qualidade, o melhor momento do álbum, repleta de passagens sinfônicas e belíssimas de extremo bom gosto, em que Mario Millo dá o tom com muita personalidade e emoção. Uma sacada que percebo a respeito do grupo reside justamente no seu nome, o Sebastian é uma referência óbvia ao grande mestre da música clássica alemã, até porque o grupo envereda totalmente para as passagens clássicas como percebemos nos mais diversos movimentos, sendo a própria introdução, meio que com arranjo orquestrado, a grande deixa para essa concepção que permeia toda a obra. Altamente recomendável para os amantes do bom prog sinfônico! |