Semente

Brasil

Titulo: Semente
Ano de Lançamento: 1999
Gênero:
Gravadora: Label não informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Alex Saba Nota:
Os americanos são um povo bastante interessante. Estava pegando minha correspondência e no meio estava uma de uma loja de CD (que já atrasou tanto pedido que desisti dela) com os lançamentos da semana. Uma lista do que há de novo em várias categorias (interessante?) que o usuário (eu!) escolhe.
Abre parênteses Merece ir para a “Lista dos Desejos”: JOHN COLTRANE – THE BETHLEHEM YEARS. “Dois CDs de puro bebop mostram o incomparável sax de JC na sua melhor potência (ah, esses americanos!). O disco um destaca 12 faixaas clássicas como TURTLE WALK; o disco dois trás 14 ALTERNATE TAKES (lembra da coluna da semana passada?) das sessões originais, mais uma composição não lançada anteriormente. O legendário baterista ART BLAKEY é convidado especial”. Fechar parênteses.
Qual não foi minha surpresa ao ver o seguinte:

POP/R&B NEW RELEASES
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SANTANA - SUPERNATURAL

Em um dos maiores retornos do rock, Carlos Santana volta ao topo das “paradas” (desculpe a tradução arcaica) com SUPERNATURAL, uma obra prima Latina que ganhou 11 indicações para o GRAMMY®. Com a força de músicas como "AFRICA BAMBA" e o sucesso número um de "SMOOTH", este album ganhou uma nova geração de fans para o legendário guitarrista.

WHITNEY HOUSTON – MY LOVE IS YOUR LOVE

Already recognized... (nem traduzo essa!).

Comentário 1: CS passou da categoria ROCK para POP/R&B depois de fazer sucesso. Se não fosse por isso, provavelmente ele ainda estaria na categoria de WORLD MUSIC ou LATIN MUSIC, mas depois de 30 anos na estrada (com um som que os gringos não entendiam) eles se “renderam” ao som latino.

Comentário 2: Isso seria legal, se o nome a seguir da lista não fosse o da insuportável WH.

Os americanos, acima de qualquer outro povo, tem a necessidade de colocar tudo em categorias. Não importa a categoria, apenas eles tem que caracterizar de alguma forma. Já premiaram MILTON e GIL no mesmo GRAMMY® como WORLD MUSIC, mas é só eles fazerem sucesso por lá (já que aqui são incontestáveis estrelas de primeira grandeza) que logo mudam de categoria.

Indo por esse caminho, os gringos estariam enrolados pra classificar o som da excelente banda SEMENTE.

A faixa de abertura lembra muito o JETHRO TULL pelo belo som da flauta de SERGIO BENCHIMOL. Mas há mais por trás dessa semelhança. Um entrosamento de mais de 20 anos. O SEMENTE foi uma das bandas dos idos anos 70, que não teve como gravar. Ainda bem que os tempos mudam e a melhor coisa foi podermos ouvir bandas com apurada técnica e bom gosto.

Quando no Natal reuni as quatro sugestões de presentes para, havia o melhor de cada estilo, mas apenas de bandas novos e material inédito. O SEMENTE não é uma banda nova, mas nunca pôde ser ouvida com a qualidade que está no CD, gravado em 97/98 e lançado ano passado pelo selo independente SEMENTE.

Além do SB (guitarra, violão, teclados, flautas e sax) o grupo é formado por MARCIA KOSINSKI (vocal), ALEXANDRE KOSINSKI (guitarra e violão), PEDRO KOSINSKI (baixo e teclados) e MARCIO J.C. CARVALHO (bateria e voz).

A estréia da banda deu-se em 29 de agosto de 1976, quando AK, MC, PK e SB fizeram o primeiro som. Eram tempos de Rock Progressivo e Heavy Metal, YES, URIAH HEEP, TANGERINA DREM, BLACK SABBATH, DEEP PURPLE, PINK FLOYD, GENESIS, THE DOORS, HORA DO RUSH (?), CONTRA ATAQUE (?) e muitas outras bandas que povoavam o imaginário e o real do underground carioca.

O mais legal do CD, é que é bem “agradável”. Já usei esse termo pra definir coisas desagradáveis, mas desta vez não estou sendo irônico nem diminuindo o trabalho deles, muito pelo contrário. Você sabe o quanto prezo a simplicidade. É fácil encontrar uma banda de rock progressivo, com excelentes músicos, que se perca ao querer mostrar tudo em uma música só. Não é o caso deles. Estão no nível de qualquer banda internacional e só lamento não ter informações se a gravação do CD indica um retorno da banda aos palcos, que seria muito bem vindo.

Curiosamente, o BraSil possui ótimas bandas que são desconhecidas do grande público, como KAIZEN, TEMPUS FUGITIS e QUATERNA REQUIEM dentre outras, das quais estarei falando aqui logo em breve.

O SEMENTE poderia apresentar-se no PROGFEST, que é o maior encontro de bandas e fãs do progressivo nos EUA, com honra. Arrebatariam o público com um som muito melhor do que certas bandas neoprogressivas lá de fora que enchem o saco com efeitos pirotécnicos ao invés de boa música.

O instrumental deles é complexo, mas isso só fica claro na segunda, terceira audição do disco. Logo de cara você fica envolvido pelo clima contagiante das composições e dos arranjos, o que é mais uma qualidade pra você somar à lista de elogios que estou destilando.

Outro dia um amigo músico, criticou (olho no olho e não via email) uma coluna que elogiava uma outra banda e disse que todas as minhas colunas eram “elogiosas”. É verdade. Há muitos anos, quando escrevi minha primeira coluna em um jornal, deixei claro aos editores que não contassem comigo para falar mal de alguém (fora o KENNI G, a WHITNEY HOUSTON, etc). Prefiro nem mencionar os CDs de que não gosto. O cara tem o maior trabalho em produzir um disco (e isso dá muito mais trabalho do que você possa imaginar) e vem um mero ouvinte (todos somos meros ouvintes) e mete o pau na coisa toda. Bolas, eu posso não gostar, mas outro pode gostar. Especificamente sobre a maioria do que escrevo aqui, você pode ouvir (pelo menos em parte) sobre o que está nas letras (clicando na capinha lá em cima). Portanto, escrevo apenas sobre o que gosto, sobre o que recomendaria aos amigos (como você) e até daria de presente (como já fiz com vários dos discos indicados aqui).

Última palavra sobre o SEMENTE: é bom pra c...(OPA - censores) ou como diria meu saudoso pai: É BOM PACAS!