Jethro Tull |
Inglaterra |
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Revisto por: Gibran Felippe | Nota:8.0 |
Esse foi o décimo segundo trabalho de estúdio da profícua carreira do Jethro Tull, lançado em 1979. Para muitos, o último exemplar da melhor época da banda, representando o fim de uma era de ouro. Não chego a comungar totalmente com esse contexto, pois creio que o grupo ainda criou muita boa música após "Stormwatch", mas é perceptível que esse trabalho denotava uma orientação menos complexa, já não era uma obra tão inspirada quanto as anteriores, deixando transparecer um certo declínio do grupo. Ao meu ver, "Stormwatch" é um bom disco de prog - folk - rock, a rigor, o grande problema desse trabalho reside justamente na falta do inopinado, nas jams e variações tão tradicionais e encantadoras que sempre foram marca do Tull, onde podíamos desfrutar da grande categoria e criatividade dos músicos. "Stormwatch" diversas vezes torna-se burocrático, previsível, possuindo belos arranjos(David Palmer ainda estava na banda), belas melodias, mas sem muito tempero, exceção honrosa da magnífica "Dark Ages", que posso comparar sem medo de equívocos, ao que de melhor foi produzido pela banda. A formação do "Stormwatch" é Ian Anderson(flautas, violão, baixo e vocais), Martin Barre(guitarra), Barriemore Barlow(bateria), John Glascock(baixo), John Evans(piano) e David Palmer(sintetizadores e arranjos orquestrais). Basicamente a responsável pelo melhor momento da banda, contido em "Thick As A Brick", à exceção do baixo e a mesma do trabalho anterior "Heavy Horses", entretanto após "Stormwatch" ocorreu uma debandada geral, onde quatro integrantes deixaram o grupo, ficando apenas Martin Barre. Durante as gravações de "Stormwatch" o baixista John Glascock apresentou graves problemas de saúde, fazendo com que Ian Anderson assumisse o baixo em algumas músicas e iniciasse uma verdadeira guerra de nervos com o baterista Barriemore Barlow que ainda acreditava no retorno do baixista e amigo para o término das gravações. A situação ficou praticamente insustentável quando ficou claro que John Glascock estava no seu limite durante as turnês e a gravidade do seu problema ficou latente quando pouco tempo depois o músico veio a falecer. A relação entre Anderson e Barlow nunca voltou a ser como era, tanto que na edição remasterizada de 2004, Ian Anderson a dedica justamente ao baterista, como forma de reconhecimento pelos grandes préstimos à banda, afinal, na minha opinião Barriemore Barlow está entre os melhores bateristas de todos os tempos. O álbum possui uma variação musical intensa, com algumas músicas orientadas para o hard, tais como "North Sea Oil" e "Somethings On The Move", outras para o folk; "Home" e "Dun Ringill", duas progressivas sinfônicas clássicas; "Dark Ages" e "Flying Dutchman", duas folclóricas jazzy e típicas; "Warm Sporran" e "Elegy" e até uma "Aqualung" oriented - "Orion", é isso mesmo - "Orion" é uma tentativa falha de reviver o grande clássico do grupo. Pensar em Jethro Tull é imaginar a flauta enlouquecida de Ian Anderson arrebentando e por esse aspecto uma das músicas que mais me agradam é justamente "Somethings On The Move", onde podemos apreciar em larga escala todo o talento do mestre na flauta e muito bem acompanhado por uma bateria de alto nível. Infelizmente, em se tratando de Tull, outro problema que consigo detectar nessa obra é o pouco uso da flauta por parte de Anderson, talvez por ter que também tocar baixo. Mesmo não sendo um trabalho conceitual, "Stormwatch" aborda em diversos momentos a crise energética, a começar pelo título, passando pela concepção artística de autoria do próprio Ian Anderson e com o petardo "North Sea Oil" como música introdutória. Ainda é possível enquadrá-lo como o encerramento de uma trilogia, juntamente com "Songs From The Wood" e "Heavy Horses", em que se preconiza o fim da natureza, do planeta em que vivemos, para o início de uma nova era do gelo ocasionada pela industrialização desmesurada. Na minha opinião, o ponto alto de "Stormwatch" está centrado nos pianos de John Evan, é incrível o trabalho do pianista quando toma as rédeas em vários momentos com grande desenvoltura técnica e um feeling todo especial, basta atentar para as seguintes músicas:"Dark Ages", "Somethings On The Move" e "Flying Dutchman". "Stormwatch" não representou o fim da magia do Jethro Tull, mas diria que tenha sido o último encontro de um grupo que tinha um algo a mais, de seis músicos que escreveram uma das mais emocionantes histórias do rock. |