Rick Wakeman |
Inglaterra |
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Revisto por: Gibran Felippe | Nota:9.0 |
Música e história se confundem, nessa obra que é considerada por
muitos como uma autêntica obra-prima do grande mago dos teclados, Rick Wakeman. Todas as composições são instrumentais retratando musicalmente as características das seis esposas do monarca inglês Henrique VIII, sendo um marco no rock progressivo pela utilização de todos os recursos possíveis com os mais diversos teclados. É verdade que Wakeman utilizou essa fórmula conceitual em álbuns posteriores com imensa qualidade, entretanto esse foi o primeiro e por esse motivo, muito mais impactante quando do seu lançamento. Alguns estudiosos de música e história afirmam que Wakeman não foi fiel musicalmente às personalidades das esposas, fica a impressão que talvez esse retrato fiel não tenha sido seu objetivo, até mesmo porque a ordem cronológica das músicas não segue a cronologia dos casamentos. A rigor, creio que Wakeman apenas seguiu um contexto histórico para criar a sua música, sem maiores preocupações formais, sem querer apresentar uma ópera fidedigna à história, mas, sobretudo, desfilar a sua boa técnica de tecladista refinado de rock. Esse objetivo tenho a convicção que fora atingido, após uma participação esfuziante no trabalho da banda Yes ? "Close To The Edge", podemos dizer que esse passo na carreira solo foi absolutamente fantástico, até porque dificilmente um artista consegue na carreira solo, após a participação numa grande banda, lançar um petardo inicial como esse, nessa categoria figuram nomes, além de Wakeman, como: Hammil, Gabriel, Akkerman, entre outros. "Jane Seymour" apresenta uma característica muito explorada pelo tecladista, desde os tempos de Yes, a utilização da sonoridade de órgãos de igreja, mas aqui de forma altamente contextual, tendo em vista a forte entonação religiosa da obra, pois Henrique VIII fazia uso freqüente da religião no seu reinado, vale destacar que essa é uma música executada quase que integralmente por Wakeman solo. "The Six Wives Of Henry VIII" conta com a participação de inúmeros músicos: baixo a cargo de Dave Winter, Chris Squire, Chas Cronk e Lês Hurdle, guitarras com Mike Egan, Dave Lambert e Steve Howe, bateria e percussão com Alan White, Bill Bruford, Barry de Souza, Ray Cooper e Frank Roccotti, no banjo temos Dave Cousins e nos backing vocals Liza Strike, Laura Lee, Barry St. John, Sylvia McNeill e Judy Powell. É perceptível que se trata de um time formidável e a curiosidade fica pela participação de Alan White que ainda não havia gravado um trabalho sequer em estúdio com o Yes, a interação com Wakeman se deveu pela sua substituição a Bruford durante a turnê do "Close To The Edge". Para aqueles que curtem Bill Bruford esse trabalho é um prato cheio, pois ele concede um show à parte nas duas músicas que contam com sua participação, por sinal, as que mais gosto: "Catherine Of Aragon" e "Anne Boleyn The Day Thou Gavest Lord Hath Ended". Aliás, "Anne Boleyn" talvez seja a mais fiel à característica dessa esposa, música de uma dramaticidade incrível, digna do seu contexto trágico, já que a mesma foi julgada e executada. Apesar de ser considerado o álbum de estréia de Wakeman, "The Six Wives Of Henry VIII" foi na verdade o segundo trabalho do tecladista, lançado após o pouco conhecido "Piano Vibrations", trabalho que não obteve sucesso. Importante ressaltar que a orientação sonora aqui é distinta dos discos anteriores do Yes que tiveram sua participação: "Fragile" e "Close To The Edge", nesse não há suítes, nem vocalistas, nem sessões psicodélicas e quebras rítmicas, tão comuns nos trabalhos do Yes. "The Six Wives Of Henry VIII" é o que considero de sinfônico ao extremo. O encarte do álbum, a começar pela maravilhosa e desconcertante capa, é muito interessante, trazendo várias informações, tais como todos os teclados utilizados por Wakeman e uma breve biografia de cada esposa, além da foto que muitos consideram como a simbologia representativa do rock progressivo ? Wakeman ladeado por aquele mar de teclas. Nesse trabalho Wakeman foi bem visceral, sem a utilização de elementos orquestrais como em álbuns posteriores, mesmo assim é possível perceber a postura clássica em seus arranjos e sem dúvidas "The Six Wives Of Henry VIII" é mais um daqueles que contribuíram para elevar Wakeman ao hall da fama da música progressiva. O que dizer da beleza das notas iniciais de "Catherine Howard"? Quem ouve uma única vez, jamais esquece, sendo possível até mesmo imaginar a dama caminhando pelos álamos dos campos ingleses! |