Mostly Autumn

Inglaterra
http://www.mostly-autumn.com/

Titulo: For All We Shared
Ano de Lançamento: 1998
Gênero: Prog Sinfônico
Gravadora: Cyclops
Número de catálogo:
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  Revisto por: Demetrio Nota:9.7
Uma das melhores revelações do selo Cyclops/GFT, o grupo inglês Mostly Autumn surgiu no final dos anos 90 com uma fórmula que – me recordo muito bem – conquistou uma enorme legião de fãs como que num piscar de olhos: a feliz união de rock pop e progressivo com fortíssimas influências de Pink Floyd (notadamente no vocal e guitarra à la David Gilmour) e de elementos de música folk/celta,
através da notável utilização de instrumentos típicos como bodhran, flautas, whistles e violino em perfeita interação com guitarra, teclados, baixo e bateria, além da marcante presença do bonito vocal feminino da musa Heather Findlay, que normalmente se alterna nos vocais com o líder da banda, o guitarrista Bryan Josh. Uma fórmula arrebatadora realmente.

Em For All We Shared, seu trabalho de estréia (lançado em 1998), o grupo é um octeto formado por Bryan Josh (guitarra, violões, e-bow guitar, vocais), Heather Findlay (violão, pandeirola, vocais), Iain Jennings (teclados, vocais), Liam Davison (guitarra, violões, vocais), Bob Faulds (violino), Stuart Carver (baixo), Kev Gibbons (whistles) e Allan Scott (bateria), contando ainda com dois músicos convidados: Angela Goldthorpe (flauta) e Chè (djembê).

O disco abre com "Nowhere to Hide", cujos sons iniciais parecem nos evocar a imagem mental de um dia chuvoso e aconchegante, a sensação de um vento frio soprando em nossa face. Após essa intensa sensação inicial, a música enfim toma forma numa boa faixa pop-progressiva, bastante ritmada e com ótimas intervenções de guitarra, além de boa presença vocal do Bryan Josh.

"Porcupine Rain" (faixa 2) começa bem viajante, com riffs hipnóticos de guitarra e um tapete suave de teclado, assumindo em seguida uma pegada mais rock, com boa sessão rítmica e interessante presença vocal do dueto Josh/Findlay.

"The Last Climb" (faixa 3), uma das mais longas do álbum (8 minutos), é uma música suave, iniciando com cantos de pássaros e riffs esparsos de guitarra e teclado, depois vocais em dueto do Josh e Findlay, evoluindo em seguida para uma longa e belíssima passagem instrumental proporcionada por guitarra e violino.

"Heroes Never Die" (faixa 4), outra também bastante longa (9:34), é um tributo de Josh a seu falecido pai (cuja foto aparece na capa do disco). Com uma letra de intensa carga emocional e repleta de harmonias belíssimas ao longo de seu desenvolvimento, constitui um dos momentos mais sublimes deste trabalho, apresentando solos avassaladores de guitarra do Josh em sua parte final.

A instrumental "Folklore" (faixa 5) começa extremamente alegre e festiva, comandada por violino e por um ritmo contagiante (como numa típica festa folclórica escocesa), assumindo características mais sinfônicas em sua parte final, inclusive com boa presença de guitarra.

"Boundless Ocean" (faixa 6) é uma bonita balada folk, com forte presença de flauta, violino e whistles, cantada em dueto por Josh e Heather.

A instrumental "Shenanigans" (faixa 7) apresenta evidentes características folk-rock celta, com marcante presença de violino e whistles.

"Steal Away" (faixa 8) é uma bonita canção folk cantada pela Heather Findlay, acompanhada por violão, teclado, flauta e bateria, assumindo características sinfônicas com fortíssimas reminiscências floydianas em sua parte final.

A instrumental "Out of the Inn" (faixa 9) apresenta características folk em sua primeira parte, com forte presença de flauta, violino e percussão típica, evoluindo para levadas roqueiras em sua segunda metade, sob o comando de guitarra e bateria.

E finalmente "The Night Sky" (faixa 10), a mais longa do disco (10:25), começa bem suave e melancólica, com vocais em dueto, teclado e flauta, evoluindo para uma longa passagem instrumental com ótimas reminiscências floydianas, comandada por violino, bateria e belíssimos solos de guitarra do Josh.

Há uma magia toda especial na música do Mostly Autumn, capaz de nos arrebatar com toda intensidade logo na primeira audição de um disco seu: é uma música que consegue nos evocar paisagens pastorais extremamente tranqüilas e agradáveis, de dias chuvosos e aconchegantes, ou de atmosferas alegres e festivas, ou mesmo de uma doce melancolia em certas passagens. Este primeiro trabalho da banda, em particular, é riquíssimo no que concerne a estas características todas e, musicalmente, também constitui um dos melhores discos de estréia que eu conheço. Um disco realmente excelente, com músicas belíssimas do início ao fim, destacando-se dentre elas as magníficas "The Last Climb", "Heroes Never
Die", "Folklore" e "The Night Sky".

Uma curiosidade interessante a respeito do Mostly Autumn é que normalmente o início da primeira faixa de cada novo disco da banda é uma repetição dos últimos segundos do disco precedente, o que evidentemente não acontece com este For All We Shared porque foi o trabalho de estréia do grupo, mas o disco seguinte a este, o também magnífico The Spirit of Autumn Past, já apresenta esta peculiaridade.